quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Circle II Circle - 12-02-2011 - São Paulo - SP (Hangar 110)

Por Ricardo Morando
Edição Juliana Lorencini
Fotos Ronaldo Chavenco

Há um tempo atrás, quando se falava em fã de Heavy Metal, o arquétipo que comumente se fazia correspondia à figura do sujeito de preto, jeans surrado, cabelo comprido, e com um boletim de notas vermelhas impressa na testa. Esta figura do outsider adolescente, a princípio, parece ter sido varrida do cenário atual. Ao menos, foi o que pôde ser constatado no último sábado, dia 12 de fevereiro, na fila que corria menos do que uma quadra para as adjacências do Hangar 110, local do revival de 2008, da apresentação do Circle II Circle.

Majoritariamente formado por homens, o público se notava pela heterogeneidade etária: víamos desde nerds trintões a famílias bem comportadas, provavelmente apreciadores reminiscentes dos trabalhos oitentistas da trupe de Jon Oliva. A nova geração, menos presente, só exibiu sua vibração juvenil mais tarde, o qual detalharemos mais adiante, a espera para o show foi longa, mas pacífica, dentro dos costumes adotados pelos elementos acima: não mais que uma ou duas latas de cerveja e absolutamente nenhuma névoa de cigarro pairando no ar. Sim, são os novos tempos.

Após pouco mais de 1 hora na rua, começaram a jogar os madrugadores para dentro das dependências do que um dia foi ponto de passagem de inúmeras bandas de Punk e Hardcore. Os cartazes e flyers colados nas paredes e tetos do bar denunciam o fato. Hoje, como já dito, não parece mais haver espaço para redutos fechados: o que se preza é a diversidade.

Marcado para às 20h, com o ponteiro do relógio batendo nas 21h30, a solução foi pegar uma cerveja ou uma pinga e esperar até que a banda compensasse o atraso, o que aconteceu por volta das 22h. Com a casa podendo comportar mais umas 100 pessoas, estando tranquilamente transitável, Zak Stevens e cia abriram com “Consequence of Power”, título homônimo do último álbum de estúdio dos norte-americanos. A energia era latente, e a satisfação, evidente nos semblantes dos músicos, os quais não disfarçavam sorrisos entre um acorde e outro. A voz de Zak, límpida, transmitia o mesmo vigor de seus tempos de Savatage. O baixista Paul Michael Stewart, em estilo Hard Rocker, de camisa branca e bandana, completava a linha de frente com o guitarrista faceiro. Logo atrás, mal se podia avistar os múltiplos braços estocando os tambores em meio a vasta cabeleira do baterista.




O set, dividido entre faixas do Circle II Circle e do Savatage, agradou a gregos e troianos, corintianos e palmeirenses. Houve, é claro, quem reclamasse mais músicas da banda atual ou de um solo mal executado, mas sabemos que não se pode agradar a todos - além do que, críticos de guitarra costumam ser mais chatos do que os de cinema. Na segunda metade da apresentação, uma surpresa: integrantes da banda nacional Soulspell Metal Opera são convidados ao palco para executar 3 clássicos do Savatage: “The Wake of Magellan”, “Anymore” e “Gutter Ballet”, esta cantada em uníssono, se tornando uma das mais festejadas da noite. Se foi bom? Com exceção da pose - e possivelmente do nervosismo de estarem dividindo o foco com o "ex-vocalista do Savatage" - de alguns integrantes, sobretudo dos vocais, que mal se podia ouvir, a tarefa foi cumprida sem grandes louvores. Foi um pouco aflitivo ver tanta gente num espaço tão pequeno como o palco do Hangar 110.



No decorrer do show aconteceram muitas invasões de palco, o que foi motivo para muitos "defensores da ordem pública" condenarem os mal-educados. Eram adolescentes e meninas que sucumbidos ao torpor combinado do álcool e da visão de seus ídolos, não titubearam em calçar um pé na plataforma isenta de qualquer tipo de defesa ou segurança. Por parte da banda, o ocorrido foi tirado de letra, tendo direito até a gracejos de Zak Stevens ("Look Out!", rindo e apontando para a fila do gargarejo, na execução de “Edge of Thorns”). Talvez seja uma questão de revisitarem seus passeios e da próxima vez escolherem a Sala São Paulo, onde se pode civilizadamente - e em silêncio, acomodado em confortáveis poltronas - assistir a um espetáculo sem maiores incidentes destas e outras ordens. Um show de Rock/Metal é e deve ser assim: uma festa. O veterano vocalista sabia bem disso, se dizendo surpreso pela qualidade das cervejas nacionais, elogiando a receptividade do público e da simpatia feminina (certo, isso não foi original), e rasgando algumas singelas palavras aprendidas em português: "do caralho!" e "muito foda!".

Foi com este espírito "anárquico" que, na saideira, após um hiperbólico solo de bateria de Johnny Osborn, Zak Stevens adentrou ao palco para dividir as baquetas com o companheiro e o baixista Paul Michael Stewart (cuja voz era alguma espécie de reencarnação da de Bon Scott), com ar atônito meticulosamente estudado, mirando o frontman, assumir os vocais para cantar “TNT”, do AC/DC. Um desfecho perfeito para o clima vivenciado até então.

Com a noite saltando para os primeiros minutos de domingo, a sensação que ficou foi a de ter presenciado um espetáculo que, a despeito de problemas técnicos ou de organização, já costumeiros neste mercado, não deve nada a eventos que primam pela pirotecnia visual ou pelo apelo mercadológico de que muitas bandas de grande porte se utilizam para arrebanharem seus fãs aos estádios. Circle II Circle é uma ótima banda, muito acima da média, e que certamente merecia maior atenção por parte da mídia especializada. Como arrebatou Zak em suas últimas e sábias palavras: "Do caralho forever!"

Set List
Consequence Of Power
Symptoms Of Fate
Take Back Yesterday
Edge of Thorns (Savatage)
Out of Nowhere
Soul Breaker
Taunting Cobras (Savatage)
Anathema
Episodes of Mania
Watching in Silence
The Wake Of Magellan (Savatage) - Com Souspell
Into the Arc of Time (Souspell) - Com Souspell
Gutter Ballet (Savatage) - Com Souspell
Conversation Piece (Savatage)
He Carves His Stone (Savatage)
Lights Out (Savatage)
Anymore (Savatage)

Bis:
T.N.T.(AC/DC)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Jeff Scott Soto - 05-02-2011 - São Paulo - SP (Blackmore Rock Bar)

Por Juliana Lorencini
Fotos por Juliana Lorencini

O vocalista Jeff Scott Soto, se apresentou neste último sábado (05), no Blackmore Rock Bar, em sua nona passagem pelo Brasil, ao lado da banda Boogie Caipiroska, composta pelos músicos brasileiros o guitarrista Hugo Mariutti (Ex-Shaman, ex-Angra, Andre Matos), o guitarrista/tecladista/backing vocal BJ (Tempestt) que acompanha Jeff desde sua primeira vinda ao Brasil em 2002, o baixista Paulo Souza e o baterista Edu Cominato . Tocando clássicos dos anos 70, numa noite a lá disco music e clássicos já consagrados de Jeff tanto em sua carreira solo e também do Talisman banda que integrou entre os anos 1990−2007.

A abertura da noite ficou por conta da banda The Circle (Bon Jovi Cover) que contou nos momentos finais de sua apresentação com a participação especial de Jeff Scott Soto nos vocais em “Wanted Dead Or Alive". Jeff sobe ao palco às 2hs da madrugada de domingo e encontra a casa completamente lotada, para começar Jeff segue a risca a proposta inicial de tocar os clássicos da pop music dos anos 70, ao som de “Welcome to the jungle” (Intro), “Brick House” (The Commodores), “Let’s Groove” (Earth, Wind & Fire) e “Boogie Oogie Oogie “(A Taste Of Honey), descontraído o cantor brinca com o público a todo momento, dança de um lado para o outro no palco e em muitos momentos é seguido em sua coreografia pelos músicos que o acompanham. Jeff em muitos de shows solos já ensaiava algumas dessas coreografias, algo muito característico em seus shows são as constantes presenças de versões ligeiramente mais pesadas para “Frozen” (Madonna), “Crazy” (Seal), “Staying Alive” (Bee Gees) e me recordo bem de Jeff em sua última vinda ao Brasil, na qual se apresentou ao lado de Eric Martin (Ex-Mr. Big) no ano passado (2010) ter feito uma brincadeira com a introdução de “Bad Romance” (Lady Gaga).



Num determinado momento, Jeff menciona ser o aniversário do produtor do show, e aparece no palco com um bolo chamando pelo mesmo, que desce rapidamente o agradece enquanto Jeff literalmente come o bolo na frente de todos, morde um pedaço diretamente do prato principal, sendo motivo de riso geral.
Continua com “Celebration” (Kool & The Gang) e “Le Freak” (Chic), quando começa a contar que a nove anos atrás vinha pela primeira vez ao Brasil e que teria isso acontecido no mesmo de Setembro que a muitos anos já conhecia alguns dos músicos que o acompanhavam e diz que tem um que está ali na pláteia que se apresentou com ele na primera vez que esteve no país até que o chama para subir ao palco e tocar com ele “September” (Earth, Wind & Fire), seguida por “Don’t Stop Til You Get Enough” (Michael Jackson) e “You Should Be Dancing” (Bee Gees). É então que ele anuncia que trouxe uma música em especial para as garotas, segue com “Dancing Queen” (ABBA), além das “Night Fever” (Bee Gees, “Ladies Night” (Kool & The Gang) e “That’s the Way I Like It” (KC & The Sunshine Band).

Ao mesmo tempo que a casa se torna uma grande pista de dança, onde diferentes públicos se reuniram para ver a performace de Jeff, muitos dos fans mais afoitos gritavam insessantemente por um que seria um dos grandes clássicos do vocalista a lado de sua ex-banda o Talisman, “I’ll be waiting”, Jeff então começa a brincar cantando alguns trechos de “Eyes of Love” do albúm Prism (2002), quanto mais Jeff brincava, mas os fans o acompanhavam e pediam por mais.

Porém, Jeff continua com “Another One Bites the Dust” (Queen), em seguida ele mesmo comenta o quanto gosta de Queen e é realmente uma banda especial para ele e pergunta se o público não quer mais uma, ele mesmo responde em seguida dizendo que sim e começa Radio Gaga (Queen). Para quem desconhece Jeff é um grande fan de Queen e tem um cd duplo e um dvd gravados em tributo a banda, em 2008 Jeff veio ao Brasil numa turnê divulgação de ambos e na época fez um show inteiro tributo a Queen.

Chega então o momento em que Jeff diz que não estava ali pelo Talisman ou por sua carreira solo, porque toda vez que ele vinha ao Brasil se apresentar com estas versões a casa não ficava tão cheia, e que desta vez ele veio apenas cantar Boogie Music e por isso a casa estava tão cheia. Os fans obviamente discordaram no mesmo instante, enquanto o vocalista continua brincando e rindo, e em seguida perguntava: Você não querem Boogie Music? Porque não? Não querem ouvir YMCA? E gesticula como a coreografia do vídeo clip.

Após alguns minutos ainda brincando com o público Jeff finalmente dá o que o público tanto aguardava e começa com “Eyes of Love”(JSS), seguida por “Colour my XTC” (Talisman). Com uma pequena pausa Jeff relembra a morte do seu grande amigo Jacob e se lembra da apresentação de ambos no Gods 2002, que pode ser vista no dvd e no cd ao vivo gravado com o mesmo nome e então dedica “Again to be found” (Talisman) a Jacob numa perforce incrível. Logo em seguida vem com “Frozen” (Madonna), “I’ll be Waiting” (Talisman) aguardada por muitos e cantada em unísom.



Em mais uma pequena pausa, Jeff diz que Roy Z que também produz discos de Rob Halford estaria na casa, ele e Bj chamam por Roy mais descobrem que o mesmo já havia ido embora, então Jeff diz que mesmo sem Roy cantaria a próxima canção e chama uma menina da platéia dizendo que fico sabendo que ela era muito boa e que ele já a havia ouvido tocar, então a menina sobre ao palco, visívelmente muito nervosa em tocam então “Breakin the Law” do Judas Priest, em seguida ela ainda muitio nervosa saí com bastante pressa da bateria e grita no microfone de Jeff :“Meu deus eu toquei com o JSS!” . Jeff então diz que fico sabendo que há um outro vocalista muito bom também ali na platéia e chama um outro rapaz para subir ao palco com ele e cantar “Living the life” da banda Steel Dragon. Para encerrar a noite a mais do que clássica “Stand Up” também trilha sonora do filme Rock Star.

Mais uma vez Jeff Scott Soto mostrou ser um vocalista mais do que versátil e talentoso capaz de entreter seu público em diferentes momentos, seja em uma versão mais pop ou mais pesada, Jeff é sempre muito competende no que se propõe a fazer. Fato de que o carisma do vocaista contribuí muito, é um show divertido, intenso onde cada fan se sente muito próximo ao vocalista até mesmo a ponto de interferir em alguns trechos. Tradicionalmente Jeff tomou inúmeras caipiroskas no palco e fez mais uma vez com que seus músicos o seguissem! Jeff que já sabe de cor algumas palavras em português, tem de cor o refrão “Vira, vira, vira” e faz questão de repetílo sempre, desta vez ele também distribuiu algumas caipiroskas entre os fans mais próximos e quando ganhou uma garrafa de cerveja de um deles fez questão me compará-la com a caipiroska que tinha em mãos e dizer ao fan que infelizmente, a cerveja não era tão boa como a caipiroska, devolvendo a cerveja ao fan e dando-lhe sua caipiroska.

Jeff Scott Soto tem sido uns dos grandes nomes do Hard Rock mundial se envolvendo em ótimos projetos, como W.E.T., ou até mesmo por sua passagem pela banda já veterana Journey. Foi um show incrível com mais de 2hs de duração que já deixa um gosto de quero mais. Agora é aguardar pelo retorno que elo visto não deve demorar, já que Jeff tem vindo regularmente todos os anos ao Brasil.


Set List:

Welcome to the jungle/Boogie Brick House (Guns ‘N’ Roses/ The Commodores)
Let’s Groove (Earth, Wind & Fire)
Boogie Oogie Oogie (A Taste Of Honey)
Celebration/Freak (Kool & The Gang / Chic)
September (Earth, Wind & Fire)
Don’t Stop Til You Get Enough/You Should Be Dancing (Michael Jackson/ Bee Gees)
Dancing Queen (ABBA)
Night Fever/Ladies Night/That’s the Way I Like It (Bee Gees/ Kool & The Gang/ KC & The Sunshine Band)
Another One Bites the Dust (Queen)
Radio Gaga (Queen)
Eyes Of Love (Jeff Scott Soto)
Colour My XTC (Talisman)
Again To Be Found (Talisman)
I’II Be Waiting (Talisman)
Breakin The Law (Judas Priest)
Living The Life (Steel Dragon)
Stand Up (Steel Dragon)
Encore: Funky Medley