sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Nightwish – 12-12-2012 – São Paulo – SP (Credicard Hall)



Texto e fotos por Juliana Lorencini
Após todo o drama que envolveu a saída de Anette Olzon, então vocalista do Nightwish, e a entrada, mesmo que provisória de Floor Jansen (Revamp e ex-After Forever), história essa que foi extremamente divulgada pela mídia e acompanhada de perto pelos fãs da banda ao redor do mundo. Eis que o Nightwish veio a São Paulo com a sua Imaginaerum World Tour. Este foi o terceiro e último show da banda no Brasil, que anteriormente tocou em Porto Alegre e no Rio de Janeiro.
Velha conhecida do público paulista, a banda Tierramystica foi encarregada de aquecer os fãs para o show do Nightwish. Até então o público no Credicard Hall ainda era muito pequeno, mas isso não impediu a banda de fazer uma boa performace e interagir com a platéia em diversos momentos durante sua apresentação.
Já passava das 22h quando o Nightwish deu indícios de que entraria no palco, a ansiedade dos fãs já era grande, e poderia ter multiplicada por dez, uma vez que todos estavam muito curiosos para saber como seria ver a banda com Floor nos vocais.  Até então, alguns vídeos já haviam sido divulgados na internet, mas ainda existia certa incerteza se a vocalista se adaptaria a banda.
Ao som da intro “Crimson Tide”, Tuomas Holopainen (teclados), Marco Hietala (baixo/vocais), Erno Vuorinen (guitarra) e Jukka Nevalainen (bateria) sobem ao palco e em seguida vem Floor para cantar ”Storytime”. A recepção dada à vocalista não poderia ser melhor, que retribuiu de imediato com sorrisos e esbanjando simpatia.
Floor dançou e encantou aos fãs do Nightwish em múucias como “Dark Chest ofWonders”, ”Wish I Had an Angel” “Amaranth”, “Amaranth” e “I Want My Tears Back”, e sempre que pediu para que o público cantasse com ela foi prontamente atendida. Ficou nítido também o entrosamento da vocalista com a banda, o que deu ao show um toque especial.
A empolgação dos fãs não parou por aí, até mesmo em “Wishmaster” e “Nemo”, clássicos eternizados na voz de Tarja, parecem tê-los agradado muito na interpretação de Floor. O pequeno deslize veio apenas em “Over the Hills and Far Away” onde a voz de Floor se diferencia muito do tom pedido pela música.
Foram pouco mais de 1h30 de show, a casa não estava tão cheia como era esperado para uma apresentação do Nightwish, mas outros fatores como a data – uma quarta-feira – o local do show e horário podem ser levados em consideração para explicar a ausência de tantos fãs. O que conta mesmo é que todos que lá estiveram saíram plenamente felizes com o show, com a banda e com a feliz escolha de Tuomas.

O que fica agora é uma incerteza sobre futuro posto de vocalista no Nightwish. Muitos fãs da banda já conheciam o trabalho de Floor, e adoraram a ideia de tê-la junto com a banda, porém, tudo depende de Tuomas Holopainen. A princípio Floor apenas fará a turnê do álbum “Imaginaerum”, mas alguns já se perguntam se há possibilidades da vocalista ficar por mais um tempo ou até mesmo gravar um álbum com Tuomas e Cia. Talento a vocalista tem de sobra e pelo jeito já cosquistou aos fãs do Nightwish também, o que não aconteceu com sua antecessora.

Setlist Nightwish:
Crimson Tide
Storytime
Dark Chest of Wonders
Wish I Had an Angel
Amaranth
Scaretale
I Want My Tears Back
The Crow, the Owl and the Dove
Nemo
Last of the Wilds
Wishmaster
Ever Dream
Over the Hills and Far Away
Ghost Love Score
Song of Myself
Last Ride of the Day
Imaginaerum



































Resenha e fotos publicadas no site RocksOff e disponíveis em: http://www.rocksoff.com.br/nightwish-13-12-2012-sao-paulo-sp-credicard-hall/
Galeria de fotos também disponível no site Metal Revolution: http://metalrevolution.net/blog/2012/12/13/nightwish-12-12-2012-sao-paulo-sp-credicard-hall/



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ragnarok: “nosso trabalho é tocar nossos instrumentos com sentimento e precisão”

Por Rodrigo Gonçalves com colaboração de Juliana Lorencini. Fotos cedidas pela banda e por Juliana Lorencini.





A banda norueguesa RAGNAROK, atualmente formada por Jontho (bateria), Hans Fyrst (vocal), Bolvek (guitarra) e DezeptiCunt (baixo), acaba de lançar o disco “Malediction”, seu sétimo trabalho de estúdio (a resenha pode ser lida aqui).

Aproveitando o ensejo, a equipe do ROCKS OFF bateu um papo via email com o baixista do grupo, DezeptiCunt. Na conversa o músico falou sobre suas lembranças do Brasil, a sensação de tocar ao lado de grandes ídolos, o estado da indústria musical e, é claro, sobre o novo disco.



DezeptiCunt por Juliana Lorencini.
Rocks Off – No ano passado vocês fizeram uma grande turnê no Brasil, visitaram várias cidades e ainda tiveram a honra de tocar ao lado do Morbid Angel nos dois últimos shows. Você tem alguma lembrança daqueles shows?
DezeptiCunt – Em primeiro lugar, nós amamos excursionar pelo Brasil e tocar para os nossos fãs que são alguns dos mais dedicados, por isso sempre acabamos com vontade de voltar. Mesmo tendo dividido o palco com uma grande banda que nem o Morbid Angel, ainda assim tivemos muitos fãs na platéia.
Rocks Off – Falando naqueles shows com o Morbid Angel, qual é a sensação de dividir o palco com bandas que você cresceu escutando?
DezeptiCunt – Pessoalmente, foi uma grande honra tocar ao lado dos titãs do death metal, pois eles têm sido uma fonte de inspiração desde a minha juventude. Ocasionalmente escuto seus trabalhos mais antigos e devo admitir que tive de colocar Morbid Angel pra rolar enquanto respondia essa entrevista.
Rocks Off – Não sei se você sabe disso, mas no ultimo mês de Abril aconteceu um festival aqui no Brasil que foi cancelado por causa da ganância dos promotores que não pagaram as bandas, fornecedores e o pessoal que trabalhou no festival, o que acabou causando vários problemas para todos os envolvidos e também para os fãs. Do ponto de vista da banda, que tipo de precauções vocês tomam antes de concordar em fazer um show num festival ou trabalhar com um produtor que vocês ainda não conhecem?
DezeptiCunt – Na verdade, fiquei sabendo disso, mas não posso dizer que fiquei surpreso. Música pode ser um grande negócio para os promotores, alguns querem ter as bandas de graça ou pagando quantias irrisórias. A maioria das pessoas não reconhece os sacrifícios que uma banda tem para conseguir fazer música, quanto esforço e dinheiro são exigidos. Eles acham que a música deve ser de graça, como se fosse algo de direito de todos.
Sempre que recebemos uma oferta de um promotor com o qual nunca trabalhos, fazemos uma investigação. Que tipo shows ele já produziu, quais tipos de bandas e etc. Se não conseguimos achar alguma informação, temos que confiar no contrato e procurar amigos que tenham informações sobre aquele produtor.
Rocks Off – Após a sua última gravadora ter entrado em processo de falência, vocês se viram sem uma gravadora, o que acabou causando um atraso nas gravações do novo álbum. Em Maio, após meses de procura vocês finalmente assinaram com a gravadora polonesa, Agonia Records. O que os fez aceitar a oferta deles?
DezeptiCunt – Após recebermos várias ofertas nós tivemos de começar a negociar um contrato e ver o que seria melhor para o futuro da banda. A gravadora Agonia trabalhou duro para que fizéssemos parte do time dela mostrando bastante vontade e entusiasmo, o que é algo bastante importante para nós. Atualmente, fazer parte de um selo que tenha um interesse genuíno na banda é a coisa mais importante e a cooperação tem sido excelente.

Formação atual da banda. Da esquerda para a direita: Jontho (bateria), Hans Fyrst (vocal), Bolvek (guitarra) e DezeptiCunt (baixo).
Rocks Off – Aproveitando que o assunto é bandas, gravadoras, selos e etc., aqui vai uma pergunta que sempre gosto de fazer para as bandas. É de domínio público que a invenção da MP3 arruinou a indústria, mas eu sempre achei que essa não foi à única razão. Por exemplo, é muito difícil para eu, enquanto fã de música for a do mainstream, conseguir encontrar CDs, DVDs e coisas do tipo disponíveis para compra. Quando as acho, os preços são simplesmente exorbitantes. Isso é algo que preocupa vocês enquanto banda? Digo, tentar descobrir como fazer a sua música ser disponibilizada por um preço justo para os fãs de diferentes partes do mundo?
DezeptiCunt – Essa discussão toda sobre mídias digitais e MP3 é velha e todos sabemos que é um fato que foi ela que arruinou a parte da indústria que diz respeito ao heavy metal. As novas gerações não querem mais saber de cópias físicas e da qualidade do som dos álbuns, especialmente nos dias de hoje, em que a tecnologia disponível é boa e se consegue fazer excelentes “rips” de CDs.
Sobre fazer a música ser para os fãs de diferentes partes do mundo, é difícil conseguir cobrir os custos de gravação, impressão, frete, distribuição e marketing, especialmente com os preços na Noruega e na Europa em geral. Por um outro lado, a banda quer ter algum tipo de compensação por ter gasto bastante tempo, energia e dinheiro necessários para criar música ou mesmo conseguir pagar pelo equipamento necessário para fazer isso. E é claro que o selo que pagou pela gravação e pelo lançamento quer ter o seu lucro, o que acaba deixando a banda com uma fatia muito pequena dessa equação.
Em algumas partes do mundo, os fãs ganham menos dinheiro, o que força a banda a vender mercadorias e CDs por um preço mais baixo, o que resulta em perdas. É difícil para as bandas conseguirem fazer algo com relação a essa situação.
Rocks Off – Dessa vez eu acompanhei pela internet o processo de gravação do novo album e devo dizer que vocês fizeram tudo bem rápido. Existe alguma razão particular para isso ter acontecido ou a banda já entrou em estúdio com tudo pronto, restando apenas gravar?
DezeptiCunt – Toda as musicas e letras foram criadas antes de entrarmos em estúdio, o que resultou num processo mais rápido. Os ensaios contribuíram para o pouco tempo que precisamos para gravar tudo, ter a parte técnica e o feeling sobre os vocais e as letras resolvidos antes foi crucial.
Rocks Off – DezeptiCunt, em uma entrevista recente para o site brasileiro MetalRevolution.net, você declarou que o termo “old school”, hoje em dia, não se aplica mais ao black metal. Por favor, você poderia elaborar um pouco mais os seus pensamentos sobre essa questão?
DezeptiCunt – O que eu quis dizer é que é quase impossível fazer o que chama de “old school black metal”, sem soar datado. Existem bandas tentando recriar aquele sentimento usando som e produção ruim. Tudo o que essas bandas conseguem de mim são as minhas risadas ou o som do meu dedo atingindo o botão de “parar” no meu aparelho de som.
No entanto, tenho grande respeito por bandas que estão tentando criar algo só delas, talvez algo até novo, ainda que seja raro nesse gênero do black metal. Portanto, por favor, sinta-se a vontade para criar o seu próprio som, mas não tente recriar ou copiar algo que já foi feito.
Rocks Off – Ainda sobre essa obsessão em soar como uma banda old school hoje em dia, muitas bandas estão tentando tanto soar como os seus ídolos e predecessores que está ficando difícil diferenciar uma das outras. Como um músico, você acha que ignorer toda a tecnologia que está disponível para facilitar a vida dos músicos é uma decisão inteligente?
DezeptiCunt – Ensaie bastante e se torne um bom músico, não faça parte da geração “copiar e colar”, mesmo que seja difícil criar o seu próprio som. Seja verdadeiro consigo mesmo, o resultado, definitivamente, será melhor. A sensação de dominar o seu instrumento também é muito legal, ser orgulhoso daquilo que você conseguiu atingir.
Mas isso não significa que você deve virar as costas para a tecnologia, pois de várias maneiras ela é uma ferramenta poderosa. Ao invés de lançar algo que será uma merda completa, faça uma pré-produção usando técnicas modernas de gravação e aprenda com os seus erros. Entretanto, não se contente com o que todos estão usando em termos de equipamentos musicais, crie o seu próprio som!
Rocks Off –  Quando escutei as músicas do single, devo dizer que fiquei impressionado com a produção e o som, eu podia ouvir claramente todos os instrumentos. E quando escutei a versão final de “Malediction”, minhas impressões se confirmaram. Isso foi algo que a banda buscou quando começou a gravar o novo álbum ou simplesmente aconteceu?
DezeptiCunt – Nós sempre temos algum tipo de visão sobre como queremos que o nosso álbum soe. Obviamente queremos ter uma produção limpa, que permita que todos os instrumentos sejam ouvidos com clareza. Para isso nós colaboramos com o produtor, experimentamos diferentes sons e combinações com o baixo e guitarra antes de concordamos com o que será o resultado final. O processo de mixagem e masterização fazem uma diferença enorme, mas nós deixamos os profissionais cuidarem dessa parte. Nosso trabalho é tocar os nossos instrumentos com sentimento e precisão.

Formação atual da banda. Da esquerda para a direita: Jontho (bateria), Hans Fyrst (vocal), Bolvek (guitarra) e DezeptiCunt (baixo).
Rocks Off – Como foi trabalhar novamente com o produtor Magnus “Devo” Andersson e no estúdio Endarker?
DezeptiCunt – Como nós conhecemos Devo em um nível pessoal ele sabe exatamente o que queremos e o que esperamos dele. Devo é um dos melhores profissionais disponíveis, o que fez a decisão sobre qual estúdio deveríamos usar para essa gravação ser algo fácil. Sempre que ele acha que devemos tentar algo, nós paramos e testamos idéias. A banda decide mantê-las ou seguir em frente sem mudar nada, fazendo com que a cooperação seja muito boa.
Rocks Off – Falando sobre “Malediction”, achei que ele é um álbum muito forte e tem elementos nele que irão agradar a todos os tipos de fãs. Têm músicas mais rápidas, outras mais elaboradas, partes bastante intrincadas. Sei que o álbum foi lançado há menos de um mês, mas quais têm sido as reações e comentários que vocês têm recebido dos fãs?
DezeptiCunt – Os fãs realmente estão empolgados, os reviews tem sido excelentes, a plateia ao vivo tem ido a loucura nos moshpits, o que mais se pode pedir!
Rocks Off – Muito obrigado pela entrevista. O espaço agora é seu para deixar um recado para os fãs brasileiros do Ragnarok e para os leitores do ROCKS OFF.
DezeptiCunt  – Como eu disse no começo da entrevista, os fãs brasileiros estão entre os mais dedicados do mundo. Isso faz com que o Brasil seja um dos nossos países preferidos de visitar. Obrigado pelo apoio, os vejo em 2013!
Formação atual
Jontho – bateria
Hans Fyrst – vocal
DezeptiCun – baixo
Bolvek – guitarra
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English version of the interview 
By Rodrigo Gonçalves and Juliana Lorencini
Rocksoff – Last year you guys did a big tour here inBrazil, visiting a lot of cities and got to play with Morbid Angel on the last two shows. Do you have any memories of those shows?
DezeptiCunt: First of all we love touringBrazil playing for our fans, they are amongst the most dedicated in the world and that makes us hungry for more. Even sharing the stage with a great band like Morbid Angel we had our fair share of fans in the audience.
Rocks Off - Speaking of the shows with Morbid Angel, how does it feel to share the stage with bands that you grown up listening to?
DezeptiCunt: Personally it was a true honour to play with the deathmetal titans, as they have been a big source of inspiration since my youth. I occationally listen to their old albums, I have to admit I had to put on Morbid Angel while answering this interview.
Rocks Off – I don’t know if you were aware of this, but last April that were a festival here in Brazil that got canceled because of greedy promoters who never paid the bands, suppliers e the people working on the festival causing a lot of problems everyone involved and the fans. From the band’s point of view, what kind of precautions do you guys take before agreeing to do a show on a new festival or work with that a promoter that you don’t have any previous knowledge?
DezeptiCunt: I actually heard about this but I wasn’t chocked. Music can be a big business for promoters, some wants to have the bands for free or paying them next to nothing. Most people don’t recognize what it takes for a band to make music, how much effort and money it really takes. They think music should be for free, as if it was owned by everyone.
Whenever we get an offer from a promoter which we have no experience with, we have to do a background check. What kind of shows did they have previously, what kind of bands etc. If we can`t find out anything we have to rely on the contract and listen to what our contacts might have to say about the promoter.
Rocks Off – After your last label went through a bankruptcy, you find yourselves without a label, which caused a delay on the recording of the new album. Last May, after months looking you guys finally agreed to be a part of the polish label Agonia Records. What made you decide to accept their offer?
DezeptiCunt: After having several offers we had to start negotiation our contract and see what would be best for the bands future. Agonia worked hard to get us into their label showing great enthusiasm and will, which was a very important issue for us. Having a label with a genuine interest in the band is the most important thing these days and the cooperation is working great!
Rocks Off – While we are on the subject of recording companies, labels etc, something that I always like to ask bands. It’s public knowledge that the whole Mp3 thing is ruining the industry, but I always thought that is not the only reason. For example, it is very hard for me, as a fan of none mainstreaming music, to find CDs, DVDs and such available for purchase in here in Brazil. Whenever I find the prices are simply ridiculous. This is something that worries you as a band? I mean, trying to figure out how to make your music affordable for fans from different parts of the world?
DezeptiCunt: The whole discussion about digital medias such as mp3`s is definatly old and we all know this for a fact, it ruined the industry part of metal music. The young generations doesn`t care much for physical copies of the albums and the quality of the sound, specially not now that the technology is far better these days making good “rips” from the CD`s.
About making music affordable for the whole world, it is difficult to cover all the costs of recording, printing, shipping, distribution and promotion, specially with the prices in Norway and Europe in general. On top of that, the band wants to have some kind of income from spending lots of time, energy and money on making the music and even paying for the equipment needed. Ofcourse the label that paid for the recording and the release wants to have their expenses covered too, often leaving the band with little or no money.
Some parts of the world make less money thus forcing a touring band to sell merch and CD`s with loss. I guess it is hard for the bands to do anything about this situation.
Rocks Off – This year I followed the recording process of the new album over the internet and I got to say that you guys were very quick. Is there any particular reason for that or the band just went into the studio with most of the work already done in terms of lyrics, ideas for music e etc?
 DezeptiCunt: All the music and lyrics were done before entering the studio, making it faster and more easy to get it all done in the right time. Rehearsing contributed to the short amount of time we used indeed, having the technical part of the playing ready and also having the feeling around the vocals and lyrics all set.
Rocks Off – DezeptiCunt, in a recent interview for the Brazilian website MetalRevolution.net, you stated that the term “old school” doesn’t apply to Black Metal anymore (nowadays). Could you elaborate a little more your thoughts on that matter, please?
DezeptiCunt: What I ment is that it is almost impossible to make so-called old school black metal without having it sound like something that was already made. Bands are trying to recreate the feeling using “poor” sound and bad production. All the band is left with is a laughter from my side, or the sound of my finger on the stop button.
However I have great respect for the bands trying to create something for themselves, maybe even something new which is rare within the genre of black metal. So by all means, please feel free to create your own sound, but don`t try to re-create or copy something that was already done.
Rocks Off – Speaking of this obsession with sounding old school, this day and age, many bands are trying so hard to sound like their idols and predecessors that it is very hard to differentiate one from the other. As a musician, do you think that turning your back on all the things there available to make musicians life easier is a smart decision?
DezeptiCunt: Rehearse a lot and become a good musician, don`t become part of the “Cut and Paste” generation even if it is hard to make it sound good. Be true to yourself, the result will definatly be better. The feeling of mastering your instrument is also great, make yourself proud of what you have achieved.
But this doesn`t mean you should turn your back on technology, it is a very useful tool in so many ways. Instead of releasing something that might sound like crap, make a pre-prod using modern recording methods and learn from your mistakes. However don`t settle with what everybody else is using regarding musical equipment, make your own sound!
Rocks Off – When I first heard the songs the new single, I got say that it blew my mind in terms of production and sound, I could hear all the instruments quite clearly. When I reard the final version of “Malediction”, my first impressions were confirmed. Is that something that band wanted when started to record the new album or came naturally?
DezeptiCunt: We always have some kind of vision of how we want our album to sound. Obviously we want to have a clear production to make all the instruments to be heard. However we cooperate with the producer while recording, trying different sounds and combinations with the guitar and bass before settling with what turns out to be the final result. The process of mixing and mastering makes a huge difference, but we let the professionals deal with that, our job is to play our instruments with soul and precision.
Rocks Off – How was it for the band to work with Magnus “Devo” Andersson and at the Endarker Studios again?
DezeptiCunt: As we know Devo on a personal level he knows exactly what we want and we know what to expect from him. Devo is highly regarded as a professional, making the decision for what studio to use for this recording very easy. Whenever he feels we should try something out, we stop and try his ideas. The band decides whether to keep it or move on without changing anything, making the cooperation very good.
Rocks Off – Speaking of “Malediction”, I thought that it is a very strong album. There are a lot of elements to make all types of fans happy. There are faster songs, more elaborated ones, really intricate parts.  I know that the album is out for less than a month, but what kind of feedback are you getting from the fans?
DezeptiCunt: The fans are thrilled indeed, the reviews are great, the live audience is bouncing all over the place in the moshpit, what more can you ask!
Rocks Off – Thank you for the interview. The space is now yours to leave a message for the Brazilian fans and the readers of ROCKS OFF.
DezeptiCunt: Like I said, the Brazilian fans are amongst the most dedicated in the world. That makes Brazil one of our favorite countries to play! Thanks for the support, see you out there in 2013, hails!
Ragnarok is
Jontho – drums
Hans Fyrst – vocals
DezeptiCun – bass
Bolvek – guitar

Shadowside: “todos nós temos um pouco de insano dentro de nós, e isso é perfeitamente normal. “

Por Rodrigo Gonçalves e Juliana Lorencini. Fotos retiradas da página do Facebook da banda.





Em 2006, fui pela primeira vez em um show do Helloween e lembro de ter ficado mais impressionado com a banda de abertura do que com a principal. A SHADOWSIDE, na época divulgando o seu primeiro trabalho, fez um ótimo show e conquistou a atenção deste escriba. De lá pra cá, muita coisa aconteceu. A banda excursionou o mundo, tocou ao lado de alguns de seus ídolos como IRON MAIDEN e WASP e lançou dois discos de estúdio, o último deles o excelente “Inner Monster Out”.
Em bate-papo com a equipe do Rocks Off, a vocalista Dani Nolden e o baterista Fábio Buitvidas falaram sobre o sucesso que a banda tem alcançado mundo afora, sobre as expectativas com relação a turnê com o Gamma Ray e Helloween, sobre as gravações do disco “Inner Monster Out” e vários outros assuntos.

Rocks Off – Vocês ficaram em primeiro lugar em diversas rádios nos EUA recentemente com o novo single à frente de nomes conhecidos como Nightwish, Evanescence e Lamb of God. Este ano também fez um grande sucesso no Japão. Ter esse tipo de exposição aqui no Brasil é imaginável. Esse fato os deixa tristes ou apenas com mais vontade de fazer seu trabalho ser reconhecido nacionalmente?

Fabio Buitvidas: Existe aquele estigma de que para fazer sucesso aqui tem que fazer sucesso lá fora… isso parecia ser regra antigamente. Mas nós temos uma incrível base de fãs no Brasil, nossos álbuns vendem muito bem aqui, mas não há um chart especializado como nos Estados Unidos, lá é uma indústria profissional, aqui ainda é uma coisa muito underground, talvez seja sempre assim… isso não quer dizer que é bom ou ruim, é uma característica do mercado nacional. Nós sofremos um pouco no início com comentários negativos de pessoas que sequer conheciam a banda, sequer haviam ido a um show ou escutado uma música. Nós ganhamos nossos fãs principalmente pelo show ao vivo… ainda tem gente que pensa que a Shadowside é uma cópia de Nightwish ou essas bandas com vocais líricos só porque temos uma menina cantando. As pessoas comentam, sem ao menos ter escutado. A Dani tem um vocal forte, poderoso, que foge completamente desse fato. Hoje vejo bandas começando e é a mesma coisa, comentários maldosos, críticas nada construtivas…. ninguém é obrigado a gostar de algo mas não é por isso que você tem que denegrir… eu não gosto de centenas de bandas de Heavy Metal, mas não comento sobre isso porque o que importa? se não gosto apenas não ouço…todos têm o direito de ouvir e gostar do que querem. Acho que há muita gente com inveja, não de nós, mas de qualquer banda… veja o Sepultura… até eles são demonizados por certas pessoas… o mínimo que se espera é respeito. Ocorre que uma banda precisa de tempo para amadurecer, evoluir…se você ouvir o primeiro EP do Shadowside e comprar com o Inner Monster Out vai perceber o que estou dizendo. Certamente temos bandas aqui fantásticas, produções excelentes, músicos de gabarito e hoje há um mercado enorme para as bandas daqui, no Brasil e no exterior. Nossos shows estão sempre cheios, o público curte, compra o CD, apoia… não tenho motivo algum para ficar triste nesse estágio em que estamos, porque sabemos que temos de continuar trabalhando, nos aprimorando, o reconhecimento virá se você tiver qualidade.
Rocks Off – Creio que mudanças de formação sejam momentos tão ruins para a banda quanto são para os fãs. O que motivou a troca de baixista?
Dani Nolden: O Ricardo já era produtor musical antes de entrar na Shadowside. Ele teve uma boa oportunidade para trabalhar nessa área na Itália e é claro que ele tinha que aceitar, nós entendemos e cogitamos continuar com ele na banda mesmo assim. Esse era o plano, porém percebemos que ficaria inviável trazê-lo para todos os shows no Brasil, e não queríamos tocar com um baixista substituto aqui e com o músico oficial apenas na Europa. Ficamos tristes pela mudança, mas já fizemos vários shows com o Fabio Carito e ele está perfeitamente adaptado à banda e já está bem “vacinado”.
Rocks Off – Em 10 anos de carreira que incluem varias turnês internacionais, pela primeira vez a banda vai tocar no Nordeste do Brasil. Qual a expectativa de vocês para esses shows? E por que vocês acreditam que tenha demorado tanto para que isso acontecesse?
Fabio Buitvidas: A expectativa é de shows arrebatadores, sabemos como o público do Norte e Nordeste, na verdade de todo o Brasil, é especial. A demora é porque você precisa organizar uma rota que não seja muito onerosa para os produtores já que o país tem dimensões continentais e sabemos o quanto custa caro se locomover aqui. Desta vez tudo deu certo, havia demanda, as datas coincidiram e aqui estamos!
Dani Nolden: Nós estamos muito ansiosos! Todos nós sempre quisemos tocar no Norte e Nordeste, a galera da região foi uma das primeiras a apoiar a banda e há muito tempo nós tentávamos organizar uma turnê desse tipo. Era fundamental que fosse algo nesses moldes, com várias datas, é claro que nós faríamos mesmo se fosse um único show, porém esse tipo de coisa torna o evento inviável para os produtores locais. Agora finalmente, depois de muito planejamento, conseguimos fazer acontecer e o público pode esperar uma banda que se entrega completamente no palco!
Rocks Off – Falando em shows, vocês acabaram de anunciar que farão uma extensa turnê pela Europa ao lado das bandas Gamma Ray e Helloween. Gostaria que você falasse um pouco da alegria do grupo com esse anuncio e das expectativas de vocês para os shows.
Fabio Buitvidas: Nós temos muita sorte porque já tocamos ao lado de grandes nomes como Iron Maiden, Helloween, WASP, Nightwish, entre outros, e certamente é uma alegria dividir o palco com bandas como Helloween e Gamma Ray por tudo o que elas representam, pela experiência que você adquire com isso e pela exposição gigantesca que você tem. Nossa expectativa é sempre a melhor possível.
Dani Nolden: Eu não tenho dúvidas que será uma experiência fantástica, especialmente porque já fizemos alguns shows com o Helloween em 2006, temos amigos e conhecidos na banda, pessoas que sempre nos trataram com muito respeito, mesmo na época que éramos um bando de moleques apresentando o álbum de estreia, com pouquíssimo tempo de estrada nas costas. Eu sou muito grata a todos do Helloween, ainda mais agora por mais essa oportunidade. Tocaremos em vários países onde já tivemos a oportunidade de visitar na turnê de 2010, obviamente agora para um público ainda maior, porém também iremos a vários territórios novos e estamos muito animados!
Rocks Off – Durante o show do The Agonist, a Shadowside acabou chamando mais atenção do que a banda principal, algo que foi amplamente comentado na imprensa de São Paulo. Você acha que ainda é algo favorável atuar como banda de abertura ou já está na hora de passar a ser a atração principal?
Fabio Buitvidas: Parte do público presente naquele show ainda não havia visto o Shadowside ao vivo e nós sempre tocamos como se não houvesse amanhã… seja para uma pessoa ou milhares… isso faz diferença e o público percebe… assim conquistamos novos fãs.  Banda de abertura ou atração principal, pra mim, isso não importa…o que vale é você tocar sua música e conquistar o público.
Dani Nolden: Nós não costumamos fazer distinção entre banda de abertura ou banda principal, sinceramente. Não vemos demérito em ser a “banda de abertura”, assim como temos respeito por todas as bandas que abrem para nós… eles estão acrescentando algo ao espetáculo. Nós só queremos tocar. A única coisa legal de ser a banda principal é que podemos tocar por mais tempo e isso pode ser algo que os fãs estejam sentindo falta em cidades como São Paulo, onde não tocamos como banda principal já há bastante tempo. Porém, na capital, tantos shows estão acontecendo ao mesmo tempo, fica difícil sequer achar uma boa data para fazermos um show e aquela era uma data que tínhamos disponível, então pensamos que um evento com The Agonist e Shadowside seria algo mais interessante para os fãs que obrigá-los a escolher entre uma ou outra banda. Felizmente o pessoal da produtora Dark Dimensions tem os olhos abertos para este aspecto e nos abriu esta oportunidade. Acho que se mais bandas se unissem dessa forma e não se preocupassem com quem abre e quem fecha o show, a cena estaria bem mais movimentada.
Rocks Off – Falando sobre shows de abertura, ano passado vocês tiveram a chance de abrir o show do Iron Maiden no Rio de Janeiro e fizeram um excelente trabalho. Uma pena que por conta dos problemas com a organização vocês não tenham tido um público maior. Ficou alguma frustração pelos problemas daquele dia que levaram a banda inglesa a cancelar o show já que no dia seguinte vocês não puderam se apresentar?
Fabio Buitvidas: De maneira alguma, o público foi fantástico, a equipe do Maiden foi fantástica.. ter o Adrian Smith e o Rod Smallwood assistindo ao seu show no palco não tem preço… não temos do que reclamar, o que aconteceu foi um acidente provocado por uma barreira inadequada, graças a Deus que não houve feridos porque poderia ter sido muito grave… o Maiden fez o correto em adiar o show, por pior que seja isso nunca é pior do que a morte de alguém então temos que entender e agradecer por nada mais grave ter acontecido. Claro, foi uma falha mas você não pode contornar uma falha com outra.
Com relação ao público foi outra falha de organização para a entrada… o pessoal do Maiden não deixou que tocássemos no nosso horário porque as pessoas estavam começando a entrar… eu lembro do Michael Kenney chegando pra mim e dizendo, “vamos atrasar o show de vocês pra deixar entrar o público, não se preocupem que tudo vai dar certo e vocês vão fazer seu set completo”. Com uma equipe destas, tocando no mesmo palco que o Maiden não tem como ficar triste com algo…. sem contar que eu quase derrubei o Bruce do palco quando estava subindo com meu bumbo…ele estava descendo e eu não o vi… dei um chega prá lá nele que saiu resmungando (risos).
Mas tinha muita gente assistindo ao nosso show. No final da apresentação lembro da casa cheia, a galera aplaudindo.. não sei de onde tiram essa ideia de que a casa estava “vazia”.
Dani Nolden: Nós não tivemos qualquer motivo pra frustração, eu fiquei triste apenas pelo público, pois muita gente veio de fora do Rio de Janeiro e não teve a oportunidade de ver o Iron Maiden, pois tinham que voltar pra casa. É claro que isso é melhor que um acidente mais grave, mas aquela situação com a barreira simplesmente não poderia ter acontecido. Em um show desse porte, a organização não pode economizar em segurança. Eu achei a atitude do Bruce extremamente elegante, subindo ao palco pessoalmente para explicar algo que não era culpa de ninguém da equipe do Iron Maiden.

Rocks Off – Em bons anos de carreira, vocês lançaram três discos. Isso acontece porque vocês têm tentado se firmar tocando ao vivo ou porque é difícil para uma banda de heavy metal conseguir gravar com freqüência?
Dani Nolden: É um pouco dos dois, porém também temos que considerar que o primeiro álbum da Shadowside só foi lançado em 2005. Nós passamos três anos com o Theatre of Shadows praticamente pronto, porém não podíamos terminá-lo por causa da gravadora que havia parado de pagar os custos da gravação. Quando eles finalmente nos liberaram do contrato, nós não tínhamos como pagar a dívida que eles haviam deixado no estúdio. Ganhamos a mixagem de graça do dono do estúdio, apenas porque ele queria nos ajudar e sabia que não teríamos como lançar o álbum sem esse empurrãozinho. Então lançamos o álbum em 2005 no Brasil e em 2007, quando estávamos preparado o Dare to Dream, tivemos a oportunidade de lançar o Theatre of Shadows no exterior, o que nos levou para a primeira turnê internacional e acabou forçando o adiamento do Dare to Dream para 2009, pois precisávamos trabalhar o Theatre of Shadows no exterior antes de lançar material novo. Portanto, desde que começamos a lançar material mundialmente, temos lançado a cada 2 anos, o que eu considero um período razoável. Conseguimos compor e gravar com calma, divulgar e tocar bastante ao vivo, com tempo suficiente para colher os resultados do álbum, que é o que tornam possível que um novo álbum seja feito. Como lançamos o Inner Monster Out em 2011 no Brasil e 2012 no exterior, e terminaremos a turnê em 2013, imagino que em 2014 estaremos lançando mais alguma coisa. Mas não é algo marcado e definitivo… deixamos o processo de composição acontecer de forma bem natural e quando acharmos que o que fizemos está legal, então vamos gravar. A gravação é rápida, mas nós gostamos de analisar e amadurecer as músicas durante vários meses. Antes de fazermos a turnê de 2010, promovendo o Dare to Dream, nós já tínhamos o Inner Monster Out praticamente pronto. Levamos as demos para a turnê e passamos a excursão inteira ouvindo, analisando, decidindo o que gostávamos e o que achávamos que não estava bom o suficiente. Isso funcionou muito bem para nós, então penso que voltaremos a trabalhar dessa forma, pois é a primeira vez que terminamos um álbum sem arrependimentos (risos).
Rocks Off – Sabemos das dificuldades que as bandas enfrentam hoje em dia (principalmente financeiras), ainda mais no Brasil, onde o heavy metal não tem apelo da grande mídia, apesar de vocês estarem em evidência sempre em todos os tipos de meio de comunicação. Por isso gostaria de perguntar: é possível viver de música no país se não fizer parte do mainstream?
Dani Nolden: Sim, é possível. Não necessariamente apenas da sua banda, mas é possível. Porém para viver do heavy metal, não se pode depender só do Brasil, mas enquanto você está construindo seu nome pelo mundo você pode dar aulas, tocar na noite, tem inúmeros trabalhos paralelos dentro da música. Todos vivemos de música na banda, não daria certo de outra forma. Não teríamos como avisar o chefe que vamos ficar fora do Brasil por 4, 5 meses para fazer turnê e depois gravar (risos). A banda está crescendo bastante, mas não dependemos somente dela financeiramente, Fabio é agente da Fafá de Belém, Raphael toca na noite, eu tenho meu trabalho com consultoria musical e estou estudando técnica vocal na Berklee para depois dar aulas… o que nós dá uma certa liberdade para fazermos o que tivermos vontade com a Shadowside. Claro que se não precisarmos fazer outra coisa além de tocar com a banda, vamos adorar… mas eu acho que teríamos que ficar ricos pra poder largar completamente sem riscos todas as nossas atividades paralelas. Uma banda é algo inconstante, hoje você tem um material excelente que vende muito bem, amanhã você pode não ser capaz de compor uma linha que preste e ninguém mais aparecer no seu show. É um risco, a menos que você venda milhões e milhões de cópias. Ser 100% músico é possível, mas tem que ter os pés no chão.
Rocks Off – “Inner Monster Out” é um trabalho extremamente pesado, com a guitarra e os vocais em bastante evidência. Você demonstra um grande controle sobre a sua voz, variando com extrema facilidade, de acordo com as nuances de cada música, de tons mais agressivos a mais suaves. Do ponto de vista do vocal, esse é um disco bastante variado e penso que não deve ter sido fácil atingir esse resultado final. Isso foi algo que você buscou antes de gravar o disco ou surgiu naturalmente?
Dani Nolden: Eu espero que eu não soe arrogante agora, mas sinceramente foi o álbum mais fácil de gravar de todos eles. Eu poderia dizer que foi a experiência, maturidade, melhora na minha técnica, o ar sueco, mas a realidade é tão mais simples que isso que é até bobo… eu estava dormindo no estúdio (risos). Foi uma gravação sem qualquer tipo de estresse, onde eu podia simplesmente acordar, tomar meu café da manhã e abrir a porta para chegar ao estúdio. Foi como gravar na minha própria casa. Nos álbuns anteriores, eu viajava diariamente de 3, 4 horas para ir e voltar do estúdio todos os dias, pois moro em Santos e estávamos gravando em São Paulo. Com o trânsito, apenas para chegar ao local da gravação levava quase 2 horas. Eu sempre tinha que acordar cedo, estava sempre cansada e isso faz uma diferença enorme na gravação. Eu não percebi isso até gravar o Inner Monster Out. Sim, é claro que a experiência conta, mas quando você está com a mente livre e corpo descansado, a sua voz responde melhor… muito melhor. Então eu tive a oportunidade de passar horas gravando, experimentando e explorando a minha própria voz. Foi um álbum muito agradável de ser gravado. Várias vezes, conversando com Fredrik, nosso produtor, ele dava uma sugestão e eu não sabia se era capaz de reproduzir a ideia ou não, porém o ambiente estava perfeito para que eu pudesse descobrir sem pressão. Não foi algo premeditado, eu apenas tentava cantar o que sentia que a música pedia. Realmente é o álbum mais desafiador tecnicamente, mas foi o único que eu realmente pude deixar minha voz ser o que ela é, e talvez por isso tudo tenha fluído naturalmente.
Rocks Off – Para uma banda brasileira ter a oportunidade de gravar fora do país, vivenciar um esquema mais profissional, num dos melhores estúdios e com um dos melhores produtores desse estilo de música é um diferencial? Por isso o disco demonstra um salto de qualidade tão grande?
Fabio Buitvidas: Sem dúvida. Muito ficam bravos quando falo isso porque acham que é desvalorizar o trabalho de quem está aqui, mas há uma enorme diferença. O estúdio em que gravamos era simples, não tinha nada de mais…havia 2 periféricos apenas… um pré e um compressor mas a sala onde gravávamos tinha um som absurdamente fantástico e a mão do Fredrik, nosso produtor, faz a diferença…não é a toa que ele é considerado um dos 3 grandes produtores de Heavy Metal e a ele é creditado o título de criador do Sweden Sound das bandas de Death Metal melódico. A abordagem é diferente, a percepção é diferente. Não há a menor dúvida de que chegamos a este resultado porque lá tivemos a condição de chegar onde queríamos, mas de nada adianta um local fantástico, um produtor excelente se você não tem confiança no seu trabalho e se não tem um bom material em mãos.
Dani Nolden: Eu acho que o fato de termos vivido o Inner Monster Out durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo período da gravação, fez uma grande diferença também. Fredrik foi o grande responsável pelo salto de qualidade da parte técnica, ele não teve trabalho algum para chegar ao som de bateria que o Fabio queria, ao som de guitarra que o Raphael queria, por exemplo. Na verdade, nem precisamos explicar muito, ele sabia exatamente o que fazer. Penso que o que fez a grande diferença foi estarmos completamente satisfeitos com o que havíamos composto e depois encontramos um produtor parceiro, que nos escutava, que respeitava a identidade da banda e que queria nos ajudar a sair de lá com o melhor álbum das nossas vidas, sem ter que compor por nós. Ele apenas tirava de nós a melhor performance que poderíamos oferecer e nos dizia honestamente quando o que fizemos estava bom ou não. Nós já havíamos trabalhado com outros produtores de nome, em estúdios ainda melhores que do Fredrik. Mas era um produtor que não entendia onde nós queríamos chegar. Uma das maiores diferenças entre ele e Fredrik é que com Dave, o que nós mais escutamos durante a gravação foi “too much”. Sempre que queríamos fazer algo mais extremo ou um pouco mais trabalhado, ele falava “too much”, porque ele tinha em mente algo mais comercial. Nós escutamos tanto isso que quando o Fabio estava gravando, ele fez uma virada, parou e perguntou ao Fredrik: “too much?” e Fredrik respondeu “yes… but I love it!” (risos) Ali deu pra perceber que finalmente havíamos encontrado alguém que permitiria que nós fossemos apenas nós mesmos. Para mim, mais importante que ter gravado no exterior ou com um produtor excelente, foi termos pela primeira vez ter conseguido fazer um álbum espontâneo, 100% como o queríamos e isso contribuiu para que ele fosse muito melhor, ao menos na nossa opinião, que nossos trabalhos anteriores.
Rocks Off – Liricamente, “Inner Monster Out” é um disco que aborda temas variados, com músicas que falam sobre desde o comportamento humano “Angel With Horns” a amor como “In The Name Of Love” (esta última de maneira não usual). Você poderia falar um pouco sobre o processo de composição e sobre o que a banda como um todo almejava em termos de letras?
Dani Nolden: Na verdade, In the Name of Love é uma música sobre violência doméstica, na visão de uma pessoa que não consegue se desligar do seu agressor. É a visão de uma pessoa que está sofrendo abusos e não sabe que merece algo melhor, então ele ou ela aceitam desculpas como “eu te bato porque te amo”. Às vezes a pessoa ficou nessa situação por tanto tempo que não sabe como sair, não sabe que pode sair, tem medo de sair. Eu abordei muitos temas meio obscuros, como uma forma curiosa de encarar a morte como em A Smile Upon Death, mas também escrevi sobre coisas mais corriqueiras, que todos nós experimentamos, como consciência pesada em I’m Your Mind e sobre fantasmas, amigos imaginários, esquizofrenia ou qualquer coisa que você acredite que exista ou te faça ver coisas que não existem, como em My Disrupted Reality. Essa música é uma das minhas favoritas e se trata de como a realidade para cada um de nós pode ser apenas um ponto de vista. Todo o álbum gira em torno da mente humana, a minha própria e a de pessoas próximas a mim. É como um diário de observações que mostra que todos nós temos um pouco de insano dentro de nós, e isso é perfeitamente normal.
Rocks Off – Passado um ano do lançamento de Inner Monster Out, qual a avaliação que vocês fazem do disco?
Fabio Buitividas: Desde que ouvi a pré-mix no estúdio, Inner Monster Out tornou-se um dos meus álbuns favoritos, no geral… ouço ele quase todos os dias… pra mim, excedeu todas as expectativas! Estou plenamente satisfeito, atingi meus objetivos de forma plena… não tenho uma reclamação que seja… para você ter uma idéia quando o Fredrik apareceu com a primeira mixagem ele perguntou da bateria e eu disse… “não mexa em nada!”. Na verdade, ele só aumentou um pouquinho da voz e não teve de mexer em mais nada… sabe quando você fica satisfeito com uma primeira mixagem? Eu te digo: nunca!!! Mas, para nós, já estava perfeita! Se você ouvir o copy monitor, que são só os volumes levantados sem critério ou processamento, você já fica assombrado com a qualidade.
Rocks Off – Talvez ainda seja cedo para perguntar, mas já existe alguma conversa ou ideias para um novo álbum ou o ciclo de “Inner Monster Out” ainda não foi encerrado? Existem planos para algum lançamento ao vivo?
Dani Nolden: Planos existem, mas queremos fazer algo realmente especial para os fãs, então não vamos apressar essa ideia, tudo ainda está em um estágio bem inicial. Não temos uma data certa para fazer acontecer. Talvez aconteça antes do próximo lançamento, mas não é algo certo pois ainda temos muito a pensar sobre o Inner Monster Out. Temos a turnê europeia, talvez uma norte-americana. Sempre gravamos tudo isso, então quando tivermos a oportunidade ideal para um show especial, perfeito para ser gravado para um lançamento ao vivo, certamente vamos aproveitar cenas do que estamos fazendo agora. Um álbum novo, porém, só deve acontecer em 2014. Já estamos pensando em ideias novas mas nada deve ser lançado antes disso.
Rocks Off – Muito obrigado pela entrevista. Por favor, deixem um recado aos fãs do Shadowside e aos leitores do Rocks Off.
Dani Nolden: Muito obrigada pelo apoio e espero que todos tenham gostado do Inner Monster Out! Vejo vocês em algum show batendo cabeça conosco… abraços a todos!
Fabio Buitvidas: Eu que agradeço pela entrevista e divulgar o nosso trabalho da melhor forma possivel! Nos vemos na estrada!


Formação atual

Dani Nolden – vocal
Fabio Buitvidas – bateria
Raphael Matos – guitarra
Fabio Carito – baixo

Discografia
2006 – Theater of Shadows
2009 – Dare To Dream
2011 – Inner Monster Out